Tuesday, November 22, 2011

Etiqueta Republicana e Democrática

A etiqueta deve abolir as regras forjadas em privilégios antiquados.

E boas maneiras significam tratar todas as pessoas com o mesmo respeito, independente de sua "posição" social.

Coloco posição entre aspas porque tenho a plena convicção de que um deputado ou um ministro, por exemplo, não têm "posição" superior a de um operário, camponês, comerciário, funcionário.

Numa República, todos são cidadãos e têm o mesmo valor perante o Estado e a sociedade, que não lhes podem atribuir nenhum privilégio. Igualdade, esse é o coração da República, que não admite privilégios de nascimento nem títulos de nobreza.

A República não admite títulos de nobreza de nenhuma espécie.

Duque, marquês, conde, visconde, barão, cavalheiro, dama, nada disso tem o menor valor numa República; o Estado não reconhece nenhum efeito a essas denominações.
Logo, a sociedade de um Estado republicano também não deve reconhecer.
Há uma divertida história real, de uma mulher que, certa vez, separou-se de um homem que, em pleno Brasil do século XX ou XXI, jurava ter título de nobreza, não me lembro se conde ou barão. Não importa. Com a separação, o ex-marido proibiu-a de se apresentar como baronesa ou condessa. A mulher, que tinha senso de humor, atendia o telefone e dizia, aqui quem fala é a princesa.

Um resquício absurdo do espírito monárquico é a forma de tratamento "Excelência" para membros de Poder, Legislativo, Executivo, Judiciário (sobretudo Judiciário!). "Excelência" era a forma de tratamento dirigida aos nobres que não eram reis ("majestade") nem príncipes ("alteza"): duques, marqueses, condes, barões. Por isso, é incompreensível a sobrevivência desse privilégio feudal numa República como o é o Estado brasileiro.

O pior dos Poderes, em termos de espírito monárquico e antidemocrático, é o Poder Judiciário. Mesmo fora dos fóruns e tribunais, juízes, desembargadores e ministros esperam ser tratados como se nos seus cargos estivessem. Caso que repercutiu: juiz que entrou com ação contra o condomínio, exigindo o tratamento de "doutor". Porém, criticar sua pessoa, apenas, não é justo: ele foi levado a agir assim pela mentalidade dominante na sua instituição.

Problema: pessoas com "puder" receberem tratamento diferenciado na vida civil.

Não entendo um(a) fulano(a) com "puder" entrar numa loja, restaurante, bar (quando não são esnobes e ignorantes para ter preconceito contra esse tipo de estabelecimento), avião, ser tratado pelo seu cargo, com bajulação e deferência! Isso é de uma TREMENDA FALTA DE BOAS MANEIRAS do profissional que age assim, tratando o "poderoso" como se fosse "melhor", "mais digno", que os demais.

Vocês sabiam que as companhias aéreas dão tratamento PRIVILEGIADO a autoridades? Que um ministro de tribunal superior não entra no ônibus com todo mundo (quando há necessidade de tomá-lo, entre o portão de embarque e a aeronave)? Ele, com sua acompanhante, se houver, são transportados em vans, separados de todos os demais passageiros! Isso é I-NA-CEI-TÁ-VEL!

E, pior! Já vi um deles embarcando antes de todos os passageiros, que ficaram trancados no ônibus parado junto à aeronave, só para Sua Excelência e a primeira-dama embarcarem!

"Ah, mas é pela segurança..." Ora, apela-se para o argumento da "segurança" toda vez que se quer dar privilégio odioso, vantagem indevida, a alguém, por pura bajulação rasteira.

Em Brasília, testemunho quase que diariamente essa distorção de valores, que só prova a falta de classe e o TREMENDO DESPREPARO de quem bajula "otoridades". Não temos que cumprimentá-los abaixando a cabeça, nem tratá-los como se fossem melhores do que nós. E, se eles pretenderem isso, que vão cantar em outro terreiro.

O mesmo que disse sobre gente de "puder" vale para as ditas "celebridades", atores, atrizes, modelos, músicos famosos. É inaceitável o tratamento privilegiado que recebem em aviões, aeroportos, hotéis, bares, restaurantes, boates. Temos que passar a boicotar essa gente: se estivermos num lugar e virmos "otoridade" ou "cerebridade" recebendo tratamento privilegiado, levantemo-nos e saiamos do lugar, dizendo porquê.

Temos que jogar no lixo nosso complexo de súditos do imperador, pois o Império já era faz 122 anos; que entender que autoridades são tão povo quanto qualquer um de nós e não têm mais direitos, tampouco menos deveres, do que nenhum de nós! Temos que fazer uma mobilização nacional contra a exigência de que fiquemos de pé quando entram os magistrados numa audiência, numa sessão de tribunal, porque eles não são reis! Não são superiores a nós em nada! Temos que mandar para bem longe de nós o temor servil, pois o Estado Novo já era, e a Ditadura Militar, também. É uma tremenda VERGONHA que as práticas monárquicas que apontei sobrevivam, sobretudo depois de termos tido um Presidente operário! Aliás, nesse ponto, o PT foi e tem sido uma decepção. Uma das pessoas mais voltadas ao passado, mais apegadas às tradições autoritárias e monárquicas, mais apaixonadas pela pompa e circunstância do "puder" que vi por aqui é oriundo do partido.







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